E eu digo, e ainda caio...

"Se você por acaso cair, não culpe a pedra ou o degrau. Culpe sua visão e atitude falha diante das lombadas no caminho...."RiCarvalho

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Aroma musical

(RiCarvalho para CarolFlor)

Cantarolo uma onomatopéia impertinente
Que se acha capaz de reproduzir o som de seu tocar.
Da beleza de um sorriso que se eterniza em pensamento,
De uma alegria incontida e insistente.

Ah, lembrança de uma amiga distante e querida.
Não querida por está distante, mas talvez distante por ser querida
(É assim a vida: cheia destes desencontros)

E no desbotar de uma amizade tal qual a mais frondosa flor,
Daquelas que derretem os corações dos mais sensíveis
(e amolecem o daqueles mais endurecidos)

Pois o som silencioso de seu carinho é encantador,
- Não se faz barulhos necessários a tal ardor.
Já que o aroma da amizade sublima a dor.

(Pois me basta o aroma duma amizade,
Inspiração certa de singelo poema,
ao encantamento de tal bela flor.)
...

sábado, 20 de novembro de 2010

Com Lágrimas nos Olhos

(RiCarvalho)

Me vi a pouco vertendo uma lágrima, singela e sincera. Lia mais uma reportagem sobre certa pessoa, geralmente humilde, que devolvia o dinheiro alheio com desapego e amor; com consciência. Mas tal cena não deveria me emocionar; não deveria me impressionar; deveria sim, ser algo comum. Ser apenas um entre milhares de casos parecidos. Mas ainda é uma cena rara.

A lágrima que me descia pelas maçãs do rosto também levava consigo um quê de mágoa; de tristes lembranças; de um mundo devastado por mazelas... Mundos individuais e coletivos – de puro egoísmo. Pois trouxe a lembrança dos que vivem do suor alheio, da vida alheia. Daqueles que recebem uma dádiva coletiva; daqueles que recebem votos de confiança – daqueles que quebram tais votos pela opulência de seus desejos cada vez mais egoístas, de uma vida vendida para quem paga mais. Dos que se apossam do alheio sem a necessidade e independente disto. Dos que enchem suas cuecas de dinheiro, pois nos bolsos não há mais espaço. E pensando nisso tudo, sinto uma segunda lágrima escorrendo ao rosto.

Sei que minhas lágrimas não estão solitárias, sei que minha descrença no ser humano já é algo normal. E, ainda assim, me emociono com os que mostram que tal pensamento não é universal, que podemos ainda ter alguma esperança, que podemos ainda ter fé no ser humano – não nos que apenas se vestem como tal em eleições; catedrais e por trás de belas retóricas. Sei que muitos encontram dinheiro nas ruas e pensam “que sorte!”, e se esquecem que tal sorte pra si, foi o azar de outro. Então me vejo entre estes - sem hipocrisia. E uma terceira lágrima desce de meus olhos.

Percebo-me preso no senso comum, que não me era comum anteriormente, e isto me desagrada: “Por que não roubar também se pintar a oportunidade? Achado não é roubado quem perdeu é relaxado; Ah, bati de raspão, vou tirar meu carro antes que o outro venha me encher o saco”. Percebo o erro de ser desonesto por lê que ainda existem pessoas honestas. E uma quarta lágrima verte entre as outras de meu pesar.

Com lágrimas nos olhos me pego pensando: e se isso tudo fosse diferente? E neste pranto, e mesmo neste desejo de uma mudança... Ainda não consigo enxergar um mundo inteiro de pessoas desapegadas; honestas. Mas penso já não me resignar, pois as lágrimas que me descem os olhos elevam meu pensamento a esperança de que eu posso fazer a minha parte – que eu devo fazer a minha parte.

Quiçá a minha parte, também faça verter lágrimas de consciência em um outro. E então, minhas lágrimas não terão descido em vão. E talvez, as deste também não.


quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Ainda vivo

(RiCarvalho)

Apenas quero a paz
Aquela eternizada nos jazigos
A que acalenta as almas tortuosas
- Ah, e isto é errado?

Por anos a espero;
Por anos vivo uma impaciência inerte;
Por anos os corvos me espreitam.
(Pois nem eles crêem que durei tanto)

Vi tantas coisas nesta existência
Vivi tantas outras, tantas...
Venci e fui derrotado por um eu intranqüilo.
(um eu já cansado)

Não pense que estou me entregando,
Não sem luta, nego resignar-me;
Não sou um fraco qualquer.
(não me julgues)

Apenas quero a paz dos jazidos.
(ainda vivo)
...

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Do Medo

(RiCarvalho)

Sem amores,
sem amigos.
Só rancores,
só castigo.
Do caixão,
do abrigo.
Não tem crianças,
não tem filhos.
Nem abraços,
ou beijinhos.
Apenas medo,
apenas vidro:
violado e quebradiço;

Do seu talento escondido,
perderam todos,
perdeu o mundo.

De sua vida - tão reprimida.
De sua raiva - q'era contida.
Não tinha espada, só tinha escudo.

Perder a batalha - era o que temia.
pois gaguejava, e não vivia.
Que dominado pela fobia:
amarelava e se tremia.

Encare os fatos, se repetia:
- a sua história é fugidia!
E sem romance, ele se ia.
...

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Musa

(RiCarvalho)

Seu olhar profundo – como um mar.
De um verde quase anil como o céu.
E esse sorriso de sol, que me ofusca em delírios;
Iluminando esses sonhos:

Sonhos de um toque de leve - Quiçá um beijo!
Sonhos que me são como pesadelos no despertar.
(Sofro ao acordar e não te ter)

Meus sonos libertos; libertinos pelo desejo tímido.
Gritos de “te quero” ensurdecem o pensamento,
Litros de etílicos me confortam...
Desnorteando insanamente estes desejos.

Eu preciso me matar afogado
no mar de teus beijos...
(nem que seja nas lágrimas de saudades)
...

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Labirinto

(RiCarvalho)

Perdido em um mundo de sentimentos
Não encontro palavras ou minotauros
Deixo migalhas em frases e fases
Faço-me um rato, testa-me...
Neste labirinto de amores.

Não encontro rimas, matéria prima.
Me perco, e me deixas...
Por que deixas?

Sentimentalidades perdidas,
Num mundo sem razão.
Minotauros de palavras em desencontros
Fases de frases em migalhas
Testam-me como a um rato
Neste labirinto de dores.
....

terça-feira, 21 de setembro de 2010

O atraso

(RiCarvalho)

Lá vem ela outra vez, atrasada.
De cabelos soltos, molhados.
Sua maquiagem borrada. Assim como meus olhos.
Um beijo no rosto, algumas palavras trocadas.
Passos apressados.
Não vejo nada, não ouço, não sinto.
Na verdade, sentir é tudo que tenho. Tudo que faço.
Nessa espera - segundos são minutos, minutos são horas.

Por que ela me faz sofrer tanto?
Farejo suas roupas enquanto toma um banho.
Cheiro de umidade misturado ao seu perfume.
Pra quê esse banho tão rápido?
Minha cabeça gira. Quero gritar...

Ela sai do banheiro, quero a verdade, tomo coragem...
- Amor, qual o motivo destes 10 minutos de atraso?
Ela dá um sorriso, parece debochar ao responder:
- A chuva!
...

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Loucura alheia ou pré-conceito?

(RiCarvalho)

Certa vez,
Havia um homem maltrapilho no meio do caminho.
(não que isso fosse um problema até ali)

Então nossos olhos se cruzaram e ele disse:
- porque me olhas?
- por nada não...
- Porque me olhas?
... Ele insiste ríspido.
- porque estás no caminho, oras.
... Respondo-lhe indignado, pela insistência.

- Porra! Porque sou feio te atrapalho?
... Brandi o homem em um rompante
(que me assusta)

Corro amedrontado,
Ele corre atrás aos gritos:
- Porque sou pobre sou bandido? Assassino?
- não, não!
... Respondo as pressas.
- Então, maldito, porque foges?
- Fujo da tua loucura antes que me pegue,
... Pois se esta me pega, a gente se pega,
... E se a gente se pega eu te mato, e se te mato vou-me em cana.

- Socorro! Ele quer me matar porque sou negro...
...

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Odeio Lombadas

(RiCarvalho)

Procuro caminhos retos – precisos
Evito buracos, evito os desvios...
Essas são escolhas minhas, e as sigo.
(mas outros me importunam)

Sempre há um engraçadinho (estúpido)
E estes, tatus da sociedade, chafurdando nos buracos
Alheios à própria vida...
Criando impedimentos a vida alheia, apontando defeitos
(falando de religião, política, sexo e etc.)

Odeio os que negam o livre arbítrio e se dizem livres.
A liberdade é um estado de poucos interesses:
Viver e conviver bem;
Assim, morrendo em tragédia ou em tranqüilidade.

Odeio os intrometidos; os criadores de caso.
Metidos no que não lhes convém,
Colocando pedágios;
Criando lombadas,
Desvios e tudo o mais que não lhes cabem.

Odeio os quebra-molas que esfolam meu carro.
Odeio toda a dificuldade quaisquer e absurda.
(pois até algumas mazelas podem ser escolhidas)

Mas independentemente do que se escolhe ou não:
Odeio lombadas em meu caminho
- Mas quando as encontro, não paro.
...

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Antes do Fim


(RiCarvalho)

Temo o escuro e o desconhecido final,
Somos-lhes reféns, poeira nas mãos de uma terrorista silenciosa.
(morte)

Oh! Misteriosa e traiçoeira – que tudo toma e tudo tem.
Levaste meu coração em um rompante – perdi um bem querer
Oh tu, que espreita meu mundo, o qu’era meu, o que penso meu
(me queres tudo)
(levar-me-á tudo)

Sentindo a dor desatinada que se tem certa em ti.
Certeira como a única verdade desta vida.
(única que não mente)

Mas ainda resta algo - ou tudo - a vida.
E desta, presente de uma história que se faz - agora.
E que, apesar da inevitabilidade, oferece-nos escolhas:
Diferente do resignar-se com o fim;
O viver o presente de aqui está.
Intensa, gloriosa e inexoravelmente
Todos os momentos;
Todos os caminhos;
Vivê-los com amor e paixão...
(Mas vivê-los)

Pois apenas o fim é inevitável
E, até lá, somos o fruto de nossas escolhas e atos.
E destes viveremos...
na eternidade de nossa essência.
apesar dos pesares...
...

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

A Vingança

(RiCarvalho)

Todos já haviam notado,
que esse ser miserável,
me persegue e aborrece
roubando minha comida.

Era o perfeito parasita,
me rondava e rodeava,
procurando o que eu tinha
(sendo noite ou sendo dia)

- Eita bicho agitado,
vai sossegar esse facho,
largue mão de minha vida.
- Ou ainda eu te mato!

Mas esse ser desgraçado,
parecia incansável,
ignorou meu recado.
Então fiquei revoltado;
- Vou acabar com esse safado!
Corri então para o armário,
procurei a minha arma,
E agora equipado,
fiquei ali parado,
parecendo gato-do-mato.
(aguardando a sua vitima)
Era um pensamento engraçado,
o de tirar outra vida.
Mas às vezes é necessário
(dita à lei darwinista),
Abandonei meus pensamentos;
Porque minha caça já vinha.
Fiquei então preparado,
Pensando no resultado:
"é agora miserável",
(não haveria escapatória)
"hoje chegou seu dia",
Acerto-o de raspão,
Que cambaleando aturdido,
Dou-lhe mais um tiro.
(só por garantia)
Então eu vejo que bela queda
o bicho tem, em giro disparado.
"Está morto meu inimigo."
Rio só, de alegria.

Satisfeito com a vitória,
boto em taça uma bebida.
Pois livrei a minha casa
dessa mosca
De padaria.
...

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Assim Sendo

(RiCarvalho)

Não conheço melhor infância que a alheia
devo viver um momento invejoso;
ou talvez já o tenha vivido e ficado apenas com a lembrança,
pois mal sei o que passei - apenas daquilo que me nostalgia.

De certo o mundo muda - com algo,
em um ciclo que nos leva ao mesmo local
onde nossos pais se viram crianças
e logo após adultos descompassados.
assim como nos veremos,
E aos nossos descendentes.

Vivemos nos achando a evolução
(A geração do futuro)
E em seguida nos veremos como nossos pais,
avós, e enfim - ao túmulo.
(Aguardada paz)
...

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Areias do Tempo

(RiCarvalho)
Não aceito os parabéns pelo fim de um ciclo incompleto
Não aceito as felicitações - mesmo as sinceras
Não quero ser sabido apenas por uma data
Não quero, e não quero!

Em meu desejo egoísta aceito (até) certas coisas:
Passagens para uma nova vista;
Gracejos de algumas divas;
(nada mais - talvez)

Não se trata de mágoa pelo tempo,
Ele sempre passa – somos passageiros...
Desta locomotiva urgente.

A mágoa não é pelo tempo que passa
É pela minha ineficácia em aproveitá-lo – a tempo.
(sem contratempos ignóbeis - imaturos)

Vejo-me como um eunuco nesta vida,
Sem os instrumentos necessários
Com um grande harém a minha volta.

A saúde já não é a mesma
O entusiasmo diminuiu
(só o desejo continua)

Desejo uma nova chance que nunca virá
Desejo uma máquina ficcional para voltar
Olho para trás, ouço um riso irônico, vejo pegadas
tortas...
(sinto-me um tolo)

Resigno-me do passado.
Volto-me para o presente e minha luta diária
Esforço minhas íris e a imaginação ao que me espera
(tento vislumbrar um futuro melhor, diferente)

Sobra-me a esperança vã de que com minha presente
luta,
As batalhas diárias, da possibilidade de, quiçá,
desviar do ciclo
Elevando-me a um novo horizonte.
(novo, novo e maduro)

Preciso constantemente das novidades deste mundo
Que urgentemente passa – quase sem graça.
(mas quero direito)
Quero o novo e dispenso as desgraças – quem me dera.
(Maturidade)
...

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Plágio

(RiCarvalho)

Creio ter perdido a linha da poesia
Vagando dentre o labirinto dos dizeres
Pensando nas irresolutas verdades
Brincava com a rima que me dizia:
- cante poeta!

E agora?
Mas nada me dizes, não mais...
Mais que tudo já dito... Não mais!

As musas de outrora me renegam
Os hinos de amor me evitam
A riqueza da vida me cega

(veneráveis poetas)

Livros e livros, poemas e mais poemas
Tento roubar-lhes a inspiração
Tento, tento, tento...
(mas temo tornar-me um pagão)

E ainda nada me dizem, não mais
De tudo que já me disseram – não mais...

Parece que fui ensurdecido por um grito emudecido
Que silenciosamente me diz: acabou!

“Que seja infinito enquanto dure” disse-me Vinicius.
“O que importa afinal, viver ou saber que se está vivendo?”
Por favor Clarice, me ensine a intensidade do que dizes,
Pois “Tenho em mim todos os sonhos do mundo”.
(Gentil Pessoa compartilhe a sua inspiração)

Pois me sinto oco, um vazio dentro de outro
Minha escrita parece-me repetição em um horizonte
(sem fim)

Vejo os montes, ouço o vento, vivo a vida - tento.
Clamo o amor, e meu planto é para amá-lo

Mas não vejo o novo formar-se em minhas rimas
Sinto apenas o plágio da inspiração eternizada
Por aqueles que mereceram o louvor do verbo
E se eternizaram
(inexoravelmente)
...

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

O Formigueiro

(RiCarvalho)

Subindo e descendo
Descendo e subindo
Fuja ! fuja ! fuja...
Saia do rastro do inverno
- Consuma a terra enquanto der!

Vai! Vai! vai...
Sem parar...
Se pensar...
Sem olhar...

É só ver, quem viver irá morrer;
Se morrer, aonde vai dá?
- Diga aos homens que há O homem.
Apenas diga...
Sem certezas – só problemas;
Gera medo – perde arreio.

Anda! Anda! Anda...
Tic-tac, o relógio canta.
E quem parar, e quem pensar:
- Irá dançar.

Mas quem ouvir,
Mas quem dançar,
Sem outro jeito
Irá cantar.

Num novo coro com novo povo.
São sapientes. Tão envolventes...

Mas sou formiga, não tenho rima.
Eu só trabalho – não paro e penso.
Mas as cigarras em sinfonia me deram o tom...
Cantei com graça e criei asas.

E’sta formiga levantou vôo.
...

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Momentos

(RiCarvalho)

Acordei assim:
já não sou o mesmo,
sou outro em mim mesmo;
uma cocerinha
na ponta da língua;
alivio profundo,
um momento oportuno...

Não sou mais um vazio,
estou por inteiro;
me vejo no mundo
e estamos juntos...

Não me estranhes:
os saltos no ar;
os banhos de mar;
os gritos e grunhidos;
os beijos e o amar...

Sei que não dura:
apenas momentos,
e é tão raro;
sempre tão caro...

(O aproveito)

Estou tão feliz,
Mas não me iludo.
...

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Preciso-te poesia

(RiCarvalho)

Nada, sinto muito...
Não tenho idéias,
Mal lhe sei.

Procuro-te e nada.
Nada, nada, nada!
(Merda)

Sinto um vazio,
Muito além do que preciso.
Mal consigo concebê-lo.

Meço as idéias que não tenho
Busco rabiscos sábios
(Poemas claros)

Nada! não lhe enxergo...
Vias de regra.
(Métricas, rimas, inspiração)

Preciso-te poesia
(onde te encontras?)
...

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Lamentos

(RiCarvalho)

Sinto um passado próximo me perseguir
Imagino minha sanidade tentando fugir
A maturidade qu’eu tinha infantilizando-se
(pergunto-me como me vendaste)

Tempo, escolhas, viver e morrer
Uma infinitude de não se saber
Se for, se será ou se foi. E se...
Se soubéssemos de tudo, como fosse

Fosse tudo isso possível – como não
Sendo tudo especulação – como sempre
Ainda nos lamentaríamos, ou não...

Sinto passos leves atrás de mim
Imagino minhas pegadas tentando sumir
(e pergunto-me sobre o que fingir)
...

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Musa sabor desejo

(RiCarvalho)

A formula de teu corpo é só desejo:
- picante;
- doce;
- divino.
(me derreto)

Nesta mistura em que eu peco (em gula), por querer:
Deleitar-me no sentir de tua pele;
Entregar-me ao odor de teus cabelos;
E no desejo de despir as tuas vestes.
(Duma sede do sabor que nem senti)

Pois em teus lábios (vermelhos) de pecado eu me vejo.
Pois o iluminar de teu sorrir que me enfeitiça,
Já que nos azuis de teu olhar eu me perdi.

Preciso devorar os sabores desta musa:
- picante;
- doce;
- desejo...
(é só o que eu quis)
...
A musa deste poema foi Esta Bela:
http://www.flickr.com/photos/paulabouvier/4739896007/

terça-feira, 3 de agosto de 2010

O adeus de uma folha “qualquer”.

(RiCarvalho)

Em meio a um tumulto cotidiano que lhes era indiferente naquele momento, quatro pequenas folhas preparavam-se para um ritual de partida, veriam a mais ressequida e sábia das suas chegar ao seu último outono. Viam-se na estranheza de saber que deviam se despedir, já que aquele era o momento aonde todas chegavam à igualdade – pois até a mais frondosa rosa, um dia também secaria. Era a última das ironias da vida e, para muitos, a mais dura e cruel. Mas a folha, já murcha pelo tempo, olha para as suas companheiras e lhes fala docemente: minhas queridas amigas, não se entristeçam com minha partida iminente. Já sobrevivi a grandes vendavais, mas agarrar-se a arvore para sempre é um dos mistérios do tempo que para sempre nos será desconhecido eu imagino, e devemos respeitas estes desígnios, pois o que nos é dado já é muito – caso soubermos usufruir desse tanto que é o viver cada ruga do tempo – não será uma simples partida. Quero apenas que no momento em que eu me desprender da árvore desta vida, e for adubar a terra, o ar amorteça minha queda e as gotas da garoa ágüem a nova vida a qual levei toda minha existência para ser-lhe. Quiçá desta folha bem vivida nasça um carvalho ou uma flor do campo, e fique para a posteridade algo mais que uma folha seca.

Logo, a folha anciã já aproveitava uma brisa para fazer sua última dança presa a árvore, e em um balanço suave que, contagiando as três – até então – entristecidas amigas, iniciam uma ciranda no mesmo ritmo, em louvor aquela existência. Mas tão logo o ritual chegue próximo do fim, com a força do vento que aumentava, a envelhecida folha se solta do entrelaçado de galhos que se fez sua vida, e afasta-se lentamente das verdes amigas – e do tronco da vida. E as três a vêem continuar sua derradeira dança em uma queda suave, até que, levemente, ela toca o solo que a esperava com um gentil abraço.

As verdes folhas que ficaram vendo o partir da amiga, nada dizem, o silêncio tornou-se o seu canto de despedida, mas em seus pensamentos desejavam tal exemplo. Que quando o tempo de cada uma delas naquela enorme árvore se encerrasse, viajariam bailando ao toque do vento – deixando rastros de alegria e sabedoria – que serviriam de alimento às futuras vidas. Em outro tempo. Em um novo viver.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Entre o Sol e a Lua.

(RiCarvalho)

Em um poema do Sol,
ao dia que nasce;
que cresce e se põe,
sem alarde...
Ao seu amor do anoitecer.

Dos muitos que lhe passam sem vê
(no gira-sol que seu amar presenteia)

A esses tristonhos passantes
De olhares cabisbaixos,
Que ignoram o alaranjado estelar.
E não percebem a sorte do poder se amar.
Pois no escurecer; nas sombras do mundo,
Temem ao outro; ao tempo; à vida.
(mas estes não importam)

Pois no crepúsculo de tal amor proibido,
- Nada importa.
(só os amantes)

E na garoa fina do choro da Lua
Que se despede de seu amante diurno;
Do brilho e ardor de seu amar;
(em crepúsculo)
Refletindo-se em um brilho cadente.

E nestes poucos segundos
(eles se afagam; se despedem)
Ao som das serestas de ébrios boêmios
Que se encantam enluarados.
(até o próximo anoitecer)
...

domingo, 25 de julho de 2010

Poeta Urbano

(RiCarvalho)

Foi nascido vagabundo,
Tinha orgulho – era de berço.
E aprendera logo cedo,
- Pega latas! Olha bueiros!
- Nesta vida, tudo tem preço!

Seus brinquedos q’eram lixo
(pra esta sociedade que se lixa)
Coisa estranha – ele pensava.
Do porque, não entendia...

Desde o dia que a Firmina,
(Moradora lá vizinha)
N’este mundo deu tempero,
Para o pobre menininho.

Falou de um livro e de tal príncipe;
Que enamorava uma florzinha.

Adorando aquela historia,
Tanto, tanto que a Firmina,
(obrigada pelos “tantos”)
Ensinou-lhe umas letrinhas,
Misturadas e com rimas.
Dando-lhes o nome: “poesia.”

Então o pobre rapazinho,
que crescera pelas ruas.
Lendo livros abandonados
Se encantando a cada dia,
Aprendera a própria rima...

E seu encanto foi de tanto
Que poeta se tornara;
(um poeta das calçadas)
“Com orgulho!” - Ele dizia.

Era tido como um louco,
Pois se dizia muito rico.

Os poetas sonham alto,
E seus sonhos vêm sem preço.
E mais rico que um sonho
- ainda hei de conhecê-lo!

terça-feira, 20 de julho de 2010

Escolhidos



(RiCarvalho)

É raro acertar,
só o tempo dirá:
se ele é isto;
se foi tudo aquilo;
se é mesmo um amigo,
ou outro no mundo
que irá se apagar.

Irmãos escolhidos,
de farra ou de casa.
Com um ombro, um abraço
querendo lhe dá.

É difícil acertar,
só a vida dirá,
se só: um conhecido;
se será um amigo,
taciturno ou gaiato;
mas que sempre está lá.

Quiçá vou encontrar:
com os ouvidos atentos;
as lembranças felizes,
e outras nem tanto;
mas que saberá quando
com o dialogo do olhar.
...

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Quero tudo, e mais...

(RiCarvalho)

Deixe-me roubar teus lábios por alguns segundos,
e teu corpo por algumas poucas horas...
Que arrebatar-lhe-hei sua alma para sempre.

Tornar-te-hei serva de meus desejos e lhe servirei os teus.
E nesta lasciva troca de favores
- senhor se tornará servo entre as ilusões -
(desta cruel servidão que o amor nos impõe)

E como um selvagem voraz,
Estes olhos abrem-se apenas para devorar-te,
Enquanto meu corpo toma-te tudo – como fogo
(sobrando-lhe os sonhos de uma paixão fugaz)

E rendendo-nos ao cansaço das horas...
E, quando eu olhar-te debruçada sobre meu peito
(exausta; suada; idem; idem)
Afagarei teus cabelos e direi:
- Te quero ainda mais...
...

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Algo a dizer-lhe

(RiCarvalho)

Eu gosto do sabor de tua boca, caso queira saber
Sinto falta de seu cheiro – que por vezes me lembro
Teu beijo me esquenta, não me prives dele tão cedo
Teu corpo incendeia o meu, que queima de prazer

Perco a razão por apenas pensar em você
Encho-me de esperanças em ver-lhe sorrir-me
Eu me perco no olhar de sua meiguice
E me encho do falatório de sua chatice

E por vezes me vejo querendo matá-la
E há tempos vivo por querer beijá-la
(Caso tudo isso souberes – não se vá)

E caso fores, pergunto de teus sentimentos.
Quanto nada há em teu coração?
Pois quero morrer no vazio de teu peito.
...

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Coisas de Amor

(RiCarvalho)

Quando, deste amor eu lhe falar,
O qual eu sinto tanto, tanto...
que dá medo
- O amor machuca como espinhos de rosas -
então me fecho.

Sinto já não saber o que pensar, de tudo ou do pouco.
Sinto que quando sinto, tanto sinto que mal eu sinto...
(às vezes embrulha-me o estomago)

Quero que ao falar de tal ardor,
Lembremos dos bons momentos
(só neles que nos vejo)

Esqueça as magoas,
A despeito do repensar.

E sem pesar, eu lhe prometo:
Amar a dor que tanto sinto em te amar.
...


terça-feira, 6 de julho de 2010

Língua solta


(RiCarvalho)

Caso lhe suja uma métrica, displicente poeta
Faça como eu e fuja dela.
Somos escravos de uma vida de regras,
(tento ao menos uma fuga delas)

Parecem perseguirem-nos em vírgulas
Querem nos dá um ponto – será o final?
Espero que não, mas não se sabe.
(o que se sabe é que se sabe mal)

Mas se alguém jogar-lhe na cara que,
É apenas um tolo sem disciplina
Que mal sabes juntar uma métrica com rima

Que o seu único jeito é um ponto final...
(por não saber contar sílabas)
Não lhes dêem ouvidos – eles, de certo, se enganam.
Um mundo sem regras, é a bagunça sacra
Da poesia que se liberta
em inspiração - na certa.
(De grandes poetas)
...

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Meu perverso Anjo

(RiCarvalho)

Eis que me foi dado um anjo me diziam.
Que com seu olhar sedutor e sua voz encantadora tornaram-me servo num rompante.
Entreguei-lhe de imediato a própria sanidade – e afogou-me em saudades...
Posso não ter muita certeza do que aconteceu desde então:
Lembro-me dos beijos;
Lembro de alguns amassos;
Lembro de vários acasos;
Muitos descasos,
E de um grande fracasso.

Eis que o anjo que me foi dado, não era dado à bondade.
Com aquele olhar carnívoro e frases que eram armadilhas - escravizou-me.
Deixou-me às mazelas de desastres mundanos – tristezas da alma.
Lembro bem de cada cicatriz que se formou desde então:
Sei que meu chão tremeu; que perdi o eixo e desmoronei;
Sei que uma enchente de destruição passou por minha vida levando-me tudo;
Imagino a trágica morte de meu amor como o fim trágico das jovens que ainda sonham.
De tantas que foram as desgraças...
(Apenas um mundo sem graça)

Querubim perverso se disseste meu, mas não pertence a ninguém
(ninguém o tem; não há quem mereça)

Perversor de meu sentir, arrancastes de meu peito o coração
Prendeu-me na ilusão de teu corpo e de suas negras asas
Eu que era dado a tolices me fiz um alvo.
(me fiz culpado)

Escolhas me prenderam em teu laço, e escolhas, de lá me salvarão
(Escolho não mais sofrer meu anjo mal)

Tuas curvas não mais me hipnotizarão
Teu olhar me será vazio
E teus seios apetitosos me serão como fruta podre
E o sorriso teu me serás o espelho de tamanha dor.
(serei livre de ti)

E uma vez livre, perverso anjo,
Tu tentarás converter-me novamente, e lhe direi:
Não mais...
...

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Fugitivo


(RiCarvalho)

Sinto uma dor que me vem do âmago
Sinto que talvez morra – tolo.
Toscamente vejo uma lágrima descer ao rosto
(e assim, tosco, a escondo)

Não deveria ser tão emotivo
Sentimentalidades não me afetam
(milhares de barreiras me velam)

Passei boa parte da vida escondendo-me
Desde a tenra infância protejo-me.
Meu subconsciente é um forte onde guardo as dores
(dores que não consigo lidar – os amores)

Amo tanto, mais tanto, que me vejo um fugitivo
Fujo das possibilidades de um apego
E tropeço na possibilidade de vê-lo nascer
...

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Doces beijos.


(RiCarvalho)

sem palavras, doces beijos.
massageiam meus lábios,
conduzem minha mente,
descem...
como em um labirinto,
me perco,
esqueço...
derrama uma gota,
um mar,
é gozo.
...quisera dizer algo,
fotografar o momento,
não há palavras,
nada,
só sentimentos,
pele.
Tornei-me verão,
suor,
eternidade...
e epitáfio.
...

terça-feira, 29 de junho de 2010

Um Ator da Vida

(RiCarvalho)

Com o despertar das cortinas
Escolho as mascaras do dia-a-dia.
Já fui tantos, sou ninguém.
Um tanto assim, um pouco assado.
Um homem bom – Ego:
Por solidariedade; pela sociedade.
Que aplaude o Bom – a fraude.

Sigo a corrente, procuro o fácil.
(assim, tão difícil...)
Sinto nada do que nada sinto – finjo.
São tantas vidas numa só.
Tantos mortos - que finjo dó.

Cenas e cenas me vêm a mente
Já não sei mais, quais que mentem
Amo a todas desta novela
(mas finjo o gozo – que goza nelas)
E choro tanto pelas mazelas...
com lágrimas secas de cinema.

Por tanto,
Aguardo o adormecer das cortinas.
Junto ao fim sagrado, de minh’agonia.
(que seja em uma cena com chuva - clichê)
...

quarta-feira, 23 de junho de 2010

O Silêncio


(RiCarvalho)

Um mundo sem ruídos,
daqueles que falam baixinho,
que nem se escuta. Ninguém quer...

As vezes nos dói ouvi-los, seu som é mudo.
E isso pode enlouquecer alguns.
A acústica do silêncio é demais ao mundo.

O silêncio é um grito de nossa alma,
que busca a paz, e nem sempre a alcança.
um alvo distante, invisível e insensível.
Em um mundo de sofrimento, que não se cala.

Tapo os ouvidos,
choro baixinho...
(preciso calar essa dor).
...

Sob um olhar sentimental.

(Ricarvalho)

Fernando Pessoa disse certa vez: "O mundo é de quem não sente. A condição essencial para se ser um homem prático é a ausência de sensibilidade." - Por isso minha condição é de poeta, acredito que praticidade insensível, é a normalidade dos medíocres ou a venda dos servis. E sim, eles são dominantes do mundo, mas pecadores de sua própria alma; da vida - a qual nada deixarão a não ser uma existência vazia.

Precisamos de uma postura sensata, sensível, presente e intensa em relação à vida; às pessoas.
Devemos seguir nossas próprias palavras! Somos servos de nossa honra e crença ou somos servientes às de outros – Tolos e imundos. E não acredito que devemos dar a outra face. É melhor desviar a face quando lhe derem na cara. Assim se evita um seguinte e, uma possível briga ou morte posteriormente – não somos santos.

Algumas vezes a tristeza nos acompanha por simplesmente, esquecermos de cativar; cuidar e nos fazermos presente aos momentos e pessoas certas – aquelas que nos lembrarão da felicidade, mesmo já distante. Talvez possamos até sorrir, quem sabe até chorar - ao lembrarmos-nos de nossas vidas. E, quem nos dera fossemos todos santos: puros e sensatos. Mas como não, no mínimo, é preciso amar as pessoas como se no minuto seguinte nossa existência acabar-se-ia, chegando ao fim num rompante – e de certo, corremos tal risco. Podemos não ter outra oportunidade de dizer o quanto amamos; de saber o quanto somos amados. Perdendo as oportunidades que nos são dadas de graça.

Costumo bater nessas teclas incasavelmente:
Amar é se doar, diferente da paixão que é só querer... E para se viver intensamente o pouco tempo que nos resta, é preciso ter o brilho no olhar. Um brilho que para muitos, já está um tanto opaco, precisando das lágrimas que vivem no abismo de sentimentos represados para extirpar a sujeira da alma; e, também, a sensibilidade de um alguém que lhes as enxugues – que lhes renove o brilho de uma meninice já há tanto esquecida. É preciso amor real, e não os banais: “eu te amo” de primeiros encontros, dos jovens e imaturos. Dos insensíveis do inicio deste texto.

O amor é uma rosa cheia de espinhos, você se fura várias vezes antes de ter o merecimento de sentir seu perfume. Aquele que foge do amor ao primeiro arranhão não o merece. Não o tem em plenitude.

Quero abraçar uma rosa, mas seus espinhos me afastam
Preciso beijar uma rosa, mas seus espinhos me rasgam
- Rosa, me rasgue, mas nunca me escape.
(nem nunca me prendas)

Não permita que as flores que moram em suas vidas morram, e nem as coloque em redomas de vidros, trate-as com a mais sincera verdade e permita as vindas e idas das borboletas – permita-as sentir o sereno da manhã. Sejamos o substantivo do verbo amar. Eu vivo minha utopia neste sentido. Mas para eu que a vivo não é apenas um sonho de noite passageira, é a realidade de uma vida inteira. Apesar dos percalços da vida, das pedras no caminho.

sábado, 5 de junho de 2010

E se não for amor...


(RiCarvalho)
Amo-te em um rompante,
penso querer-te sempre
(e quase sempre quero).

Mas o amor não é só isso...
amar é mais que uma, duas ou três noites
é mais que um ensaio
melhor que a cena do filme mais romântico.

É preciso tempo para um apego verdadeiro
é preciso mais que paixonites para se viver assim, eternamente
E é preciso que tal momento seja infinito.

E, caso dure, será amor...
caso não, que a aventura valha, e fique na memória.
Como os melhores casos, dos melhores contos...

e na velhice se lembre:
“Vivi intensamente e gozei das oportunidades”
(as poucas e intensas)
E que estas vivam em versos e lembranças.
....

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Entre nós

(RiCarvalho)

Por enquanto, ainda sinto falta de um nós...
Conjugar o verbo na quarta pessoa do plural.
Fazer um plano mirabolante, para ter-lhe no final de semana
(sem temer me arrepender)

Mas, no entanto, tanto aconteceu.

Tropecei...
Por perder a chance de provar que nós poderíamos ser felizes
Que nós merecíamos um ao outro. Mesmo não crendo – era o destino.
E por enquanto, ainda penso em um nós...

Reerguendo-me...
Demonstrando que seríamos melhores juntos
Sabendo que, este ser feliz, depende disso
E que este nós não deveria acabar assim...
(apesar do fim)

E, enquanto um nós ainda fosse possível,
(mesmo que por uma noite apenas)
Poderíamos esperar o final de mãos dadas,
Para que no epitáfio possam ler uma história de amor:
“juntos até a morte”
(de tal amor, ou vida)

Dentre nós e as possibilidades.
...

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Engano.

(RiCarvalho)

Se te amo é porque estás longe – ou não me queres.
Se te possuísse eu não lhe quereria,
Ou simplesmente, lhe usaria por vezes...
(Talvez)

Correria o perigo de me apegar.
Mas no caso, não te posso e já te quero.
Ou quero porque não posso.
(e enfim me apego)

Insana mente, coloca-me em risco por tola emoção
Por amá-la (em querer-te).
Verbos que jurei conjugar plural a Elas (musas)
- Por Deus! Esqueci-me das outras – por isso me castigas?
Por conjugar tais sentimentalidades no singular?
(perdoe inspiração)
(só lhe tenho uma)

“Então a quero - porque não a tenho”.
(e assim me engano)
...

terça-feira, 25 de maio de 2010

Perdido em ti.


(RiCarvalho)

Ouça meu coração como bate.
- é por ti.
É assim que ele bate,
Como um batuque de carnaval

Veja meu rosto,
- Não lhe tenho mascaras.
É assim que eu sou a ti.
Como um louco nas ruas - desnudo.
(inconseqüente com o que é dito)

Sinta o perfume que lhe tenho no travesseiro.
- Assim lembro-me de ti.
É como adentrar num jardim,
Meu éden somente em teu cheiro de flores.
(no travesseiro)

Toque-me a pele,
- Sonho com seu tatear.
Que um dia me serás real...
(caso quiseres saber)
(lhe serei real)

Perdoe-me o jeito,
- tropeço ao vento.
Distraído por tal desejo.
(me perco)
(em ti)
...

Sonhos em vão.

(RiCarvalho)

Tocava a sua pele,
Seus seios excitados me davam o tom. Tocava meu corpo com os pequenos bicos em riste, como em uma dança sensual, esfregava-se nos milímetros de meu corpo. Presenteava-me com o calor da própria pele. E seus beijos me eram como o néctar da mais doce fruta – ou a mais proibida. Tateava-lhe as costas, como quem toca a mais pura seda – e por vezes, tentava rasgar-lhe com os dedos (perdido em desejo); no ímpeto de prender-lhe a mim. Puxava seu corpo, tentava toca-lhe o sexo (perdoe o mau jeito). Mas eu era um prisioneiro do desejo, dominado por uma rosa e o seu cheiro.

Aprisionado dentre beijos,
Estava entregue aos seus desejos, e aos seus caprichos; mas não pensava em escapar; não perderia tais momentos por nada. Era escravo daqueles toques; daqueles beijos. E de meu querer-ter-lhe construí minha cela, e lancei mão de meu juízo - ficaria ali eternamente.

Confinados a quatro paredes,
Um fogo foi aceso, e agora as chamas tomaram tudo que era inflamável – até meu coração. Uma deusa nua se fez presente, e o presenteado se fez um crente fiel. No calor de sua pele luminosa ajoelhei-me em seu louvor. Dentre divinas pernas escravizei minha vontade, e minha língua era apenas clamor. Dançava seu brilho pelo quarto e obrigava-me a segui-la (não que fosse preciso). Senti sua benção: de amor a carne, que recebi em troca de versos jubilosos ao seu louvor.

Mas no fim, despertou-me tão logo,
Fez-me um devoto e me abandonaste. Antes do nascer do dia, seu calor já não era sentido; e o seu toque virara apenas lembranças. Abria os olhos, que embaçados, lhe procuravam – deusa minha. Mas não estavas (nem o cheiro nos travesseiros). Enlouquecido então percebo, que o calor de teus braços me eram apenas mais outra ilusão – de sonhos em vão (da mais indiferente das musas).
...

Sereia

(RiCarvalho)

Quiçá,
de tuas curvas eu me lembre em uma trova repentina,
de seu vestidinho sexy;
do calor de tua língua;
ou do acalento de teu corpo – quiçá me lembre.

E como esquecer
das fartas pernas que lhe caminha?
quiçá eu sonhe em tal dia
que a musa outrora tão distante
venha a mim
(em um mar de fantasias)

Que ela,
Encantes-me com um sopro suave no ouvido,
Mordisque-me o lóbulo da orelha; estremeça-me;
Arrepie cada pêlo, cada vértebra da espinha dorsal.
Sereia me conte ao amor como conta as ondas ao mar.

Cante-me à vida
Em um caso desesperado de saudades

Cante-me à solidão
De um caso apaixonado pela vida

Cante-me à paixão
Num encanto que só tua língua sabe.

Encante-me sereia,
só não me naufragues.
...

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Poderia ser...

(RiCarvalho)

Menina,
Meu amor.
Poderias ser tu!
(Ou apenas mais outra)

Imaginei-te nos melindres de meus sentimentos
Sua carne me sendo mais que uma refeição,
Ou apenas a sobremesa...

Mas sinto que poderias ser tu...
(e te perdi)
Errei em querer-te
Morri por querer-te

Mas sei que poderias ser tu...
(pisei na bola)
Deixei a aventura me guiar
Permiti que me levasse.

Imagino-te em meus sonhos tórridos
Eu, devorando tua carne vorazmente,
Enquanto tu devoras a minha.

Mas me és indiferente
Sou-lhe a menor das criaturas
(E poderias ser tu)

Meu amor,
Menina.
Se fores tu...
não haverá mais outras,
(quiçá só uma)
Ah, se fores tu...
...

terça-feira, 18 de maio de 2010

De teu corpo


(RiCarvalho)

Acordado,
Sonhei com sua boca em mim
Prendendo-me em seu desejo
Aprisionando-me com teu sexo
No meu sexo, no nosso...
(peles em uníssono)

Hum...
(como é bom ser-lhe)

Senti-la em meus lábios,
Sua seiva doce escorrendo em devaneios
Dentre seios macios e firmes – de plena juventude
Tateio-lhe com dedos decididos, perigosas curvas
(morena)
Devora-me com teu corpo, infinitamente...
Entrego minh’alma a tua carne
(quero ensandecer em teu ventre)

Do fim de tal meio
Desde o meio ao fim...
Teremos-nos – um ao outro
(tantas vezes)
(várias)
(sempre)

De teu corpo ao meu.
Nesta viagem lasciva.
...

quarta-feira, 5 de maio de 2010

O velho senhor do mar.

(RiCarvalho)

Ô velho senhor do mar, que nunca foste navegar,
e mesmo assim tornou-se supremo marítimo
conselheiro dos pescadores, acolhedor dos náufragos
sábio (sem saber)
sóbrio com sua garrafa de cachaça vazia
centrado com uma ponta findada de cigarro no canto da boca
alerta em seu sono profundo
velho senhor do mar nos traga contos alegres dos tristes dias de antigamente
ô velho senhor do mar, abençoe o parto parido do nascimento de mais uma criança morta
alerte-nos sobre a guerra do golfo
profetize sobre o ontem
nos livre da agonia certa da morte
ô velho senhor do mar, que nunca foste navegar...
e que nem mesmo sabes nadar
solitário dentre a multidão, sentado em seu pedestal de velhos caixotes...
penetrando nas profundezas das ondas com o seu olhar vago
vendo um mundo que nunca existiu
ô velho senhor do mar, cego sobre uma ponte...
pronto para se jogar no mar de concreto,
conseguir seus 15 minutos de fama
conseguindo sua eterna paz...
vendo pela primeira vez o mar
vermelho sob seu corpo.
...

Hospitalização




(Ricarvalho)

Quarto escuro
Mente em treva
Treva em frente
(tiro no escuro)

Escuridão soturna
De esperança clara
Luzes de consciência
Pluma - espera plena
De bendita calma
(Remédio dos incautos)

Calma, ô calma, me cure a alma

Um prisioneiro sem amarras
Tenta a fuga...
Hospitaliza a carcaça
Que, a salva dos urubus
Que reviram carniça.
Aguarda a calma
E o final...

(levantando deste leito, tiro-me o pijama e com os pés descalços sinto o gélido piso preencher o passo, que com firmeza – espero – quiçá guiará-me em meu caminho, ao futuro sólido e demarcado de minha existência.)
...


Desvairado
(Ricarvalho)

Algo terrível acontece

“que droga” - é o que nos vêm
(por escolha individual ou especialista)

Droga farmacológica – de compra simples
Droga dos prazeres proibitivos – de fim simples
Droga de chingamentos alheios – de resposta simples!

Muitas vezes nos é tão fácil julgar
Mas: “não julguei para não seres julgado”
Responde o mestre dos mestres.
Mas nunca lhe ouvem...
(preferem ignorar e fazê-lo errado)

Apesar de que, nesta droga de vida,
somos apenas passageiros...
Tão simples quanto o fim;
Tão banal quanto à morte;
Tão enfadonho quanto à vida.

Não me entenda mal, chego a gostar da vida,
Existem certos prazeres em tal martírio
Muitos amados; várias amantes...

Alguns motivos,
Na verdade são tantos e, para leigos, imperceptíveis.
(há sinais até no cair das folhas)
E há tantos pequenos prazeres nesta droga de vida
Que a droga da morte nos apavora mais do que deveria...
(mesmo quando a desafiamos – a tememos)

E nisso...
Há quem se drogue na intenção de medicar-se
Há quem se drogue na intenção de desligar-se
Há quem se drogue na intenção de denegrir-se.
(Por pensar na inexistência de uma solução)
(Que poderia ser tão simples).

Perdi o fio da meada – já não sei o porquê da droga, nem da vida.
Só sei que lhes tomo, em grandes dosagens.
(e quase vegeto, não fosse os tais prazeres “proibidos”)

Como adoraria possuir a ingenuidade dos tolos
E a felicidade dos ignorantes.
Poder desprezar as mazelas que assolam o mundo
E me felicitar com o pouco do muito do mundo
E talvez viciar-me na droga da existência e no êxtase do mínimo.

Mas do mundo eu quero tudo, e do tudo, quase sempre, me decepciono.
(muitas vezes me entrego ao pranto)
O choro é a fuga do poeta,
Que sangra palavras; e extirpa a necrose que vê pelo mundo
E em si.

Enquanto eu tento, eu vivo; e certamente um dia a morte me leve...
Quiçá, em fatídico dia, histórias minhas serão recontadas.
Lembranças desta existência serão cantadas...

E este vício – a poesia, em tal dia seja meu epitáfio
Lido e relido no tanto que sangro em palavras.
..................................

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Minu[ T ]os


(Alex Barros e Ricardo carvalho)

O TEMPO PREGOU A PEÇA
e o relógio se perdeu.

na escrivaninha o homem criou uma peça
com os olhos no relógio
QUE A TORTO O TEMPO MARCAVA
E o homem perdeu SEU TEMPO
ficou velho, careca e com ALGUNS resquícios GRISALHOS

Na peça de seu TEMPO
o homem ficou sábio
com os olhos no relógio
esqueceu do mundo DESTE TEMPO

O mundo prega peças
ANTES DO FIM - DE CADA UM
que PERDENDO-SE NO GIRO DO PONTEIRO

Esqueceu-se quem era:
se foRAM AS LEMBRANÇAs,
Que no tempo ficou.
E Perdido por todo o tempo,
De passar tão lento...
Um destes se foi.

BuscANDO saber:
Se era o tempo; a peça;
a escrivaninha ou
o relógio...
PERCEBO Qu’era o homem,
Que por tanto contar às horas
De tédio se matou.

...

quinta-feira, 25 de março de 2010

Amor Bipolar

(Ricarvalho)

Amo-te como um maníaco,
Quero devorar-te inteira. Sobre-mesa.
Viajando em suas curvas, como um vulcão, me queimo.
(devo partir)

Estas sentimentalidades não fazem parte
Do trato que fizemos – odeio-te!
Com sangue escorrendo pelos olhos – choro.
(não devo ficar)

Às vezes exagero, mas digo a verdade:
- Sou só teu!
Somente teu...
(E antes que eu mude de idéia)
- Beije-me!
Entrego-me em teus lábios,
Pois amanhã não se sabe,
Se ainda seremos felizes.

Meu pranto derramará por ti
Que tomará meu tempo por lágrimas
Dará-me o melhor e o pior do amor:
Sorrisos correspondidos;
E o fim certo, de todos os grandes amores
Que ficam para a eternidade,
Num mar de choro.
...

terça-feira, 16 de março de 2010

Um poema de Lya Luft, para variar...

Canção das mulheres

Que o outro saiba quando estou com medo, e me tome nos braços sem fazer perguntas demais.

Que o outro note quando preciso de silêncio e não vá embora batendo a porta, mas entenda que não o amarei menos porque estou quieta.

Que o outro aceite que me preocupo com ele e não se irrite com minha solicitude, e se ela for excessiva saiba me dizer isso com delicadeza ou bom humor.

Que o outro perceba minha fragilidade e não ria de mim, nem se aproveite disso.

Que se eu faço uma bobagem o outro goste um pouco mais de mim, porque também preciso poder fazer tolices tantas vezes.

Que se estou apenas cansada o outro não pense logo que estou nervosa, ou doente, ou agressiva, nem diga que reclamo demais.

Que o outro sinta quanto me dóia idéia da perda, e ouse ficar comigo um pouco - em lugar de voltar logo à sua vida.

Que se estou numa fase ruim o outro seja meu cúmplice, mas sem fazer alarde nem dizendo ''Olha que estou tendo muita paciência com você!''

Que quando sem querer eu digo uma coisa bem inadequada diante de mais pessoas, o outro não me exponha nem me ridicularize.

Que se eventualmente perco a paciência, perco a graça e perco a compostura, o outro ainda assim me ache linda e me admire.

Que o outro não me considere sempre disponível, sempre necessariamente compreensiva, mas me aceite quando não estou podendo ser nada disso.

Que, finalmente, o outro entenda que mesmo se às vezes me esforço, não sou, nem devo ser, a mulher-maravilha, mas apenas uma pessoa: vulnerável e forte, incapaz e gloriosa, assustada e audaciosa - uma mulher.

terça-feira, 9 de março de 2010

Sublimado


(RiCarvalho)

Na sublime exatidão deste existir
coexistir, ou simplesmente saber-se aqui.
de que não é simples o viver nem o sentir
sendo o momento sublimado do ser
(Algo além do: “eu em mim mesmo”)
(algo tal o: Amor)
- Justificaria o fato de existir...

E nesta sublime loucura de insistir.
Sublimado e transtornado como um tolo
- Um tolo ao completar-se. Temeroso.

Ciente quanto ao tanto
do que mal sabe...
(De dor ou amor)
Pois, parte, sabe!
E, sublimado, disse:
- Amo!
...

terça-feira, 2 de março de 2010

Ressaca de uma vida que se foi

(RiCarvalho)

Em teus prantos – um adeus
que Deus sabe...
Nesses litros etílicos que consolam.
De amores que jazem partidos
e que choram - flores e espinhos...
duma solidão que renasce
e, sempre transborda
(se conformas)

Das musas que suspiram – por quem?
em ares de saudades...
- quiçá por mim!?!
(devaneios narcísicos de um louco)

Afogando em lágrimas que se despedem
De mim e de ti, e alguns outros...
E, em relembranças de amigos - me vou indo!

Etéreo...
Fogo.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

PEQUENO ESCLARECIMENTO

(Mário Quitana)

"Os poetas não são azuis nem nada, como pensam alguns supersticiosos, nem sujeitos a ataques súbitos de levitação. O que eles mais gostam, é estar em silêncio - um silêncio que subjaz a quaisquer escapes motorísticos e declamatórios. Um silêncio... Este impoluível silêncio em que escrevo e em que tu me lês..."

Jura Insana
(RiCarvalho)
Entre desejos incomparáveis
Juro somente amar-te
somente teu - juro!

Desculpo-me desajeitado
por tal temperamento
insistentemente intranqüilo:
Vendo-a seguindo caminho
(insisto que pare em meus lábios)

Insano penso-me ao dizer-lhe:
- Louco de saudades!
(sem nunca tê-lhe tido)
...

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

À Espera


(RiCarvalho)

Sinto falta de ti...
mesmo não te conhecendo.
Em te procurar - insisto.
Esmagado pela solidão.
Insisto!
Atormentado pela falta
não desisto.
Vivo assim, sem ti, sem sentido
Sentindo falta. Da falta, que me mantive.
Não sendo nada. Um nada!
(Do vazio que você me causa)
Saudades tua, amor que nunca tive
Sem ti, sinto-me n'água,
em um mar que não tem fim.
Sou um náufrago em mim mesmo;
isolado por sua falta;
afogado pelo sentir.

Saudades, esta palavra...
a única que me cala,
por que não sei:
viver, sentir...
..

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

É preciso sentir o cheiro das rosas.

(RiCarvalho)

Passamos toda uma vida em contato com várias existências; as nossas e as de quem nos aproximamos. Por breves períodos somos atingidos por acontecimentos que podem mudar a realidade que vivemos. São nossas escolhas; os momentos em que ficamos diante de bifurcações decisivas, onde teríamos três caminhos: ficar parados, indecisos entre seguir ou retornar; pegar o caminho da direita ou o da esquerda. Cada uma dessas três escolhas fará da pessoa um ser diferente, que conhecerá pessoas e horizontes dispares a cada nova bifurcação. Pois seria esta, uma vida enfadonha caso tivéssemos apenas uma escolha importante para fazer na vida; com duas ou três, pessoas e lugares, para conhecer. Pois somos seres impares, cada qual seguindo um caminho escolhido por nós mesmos, em que, vez ou outra, nos chocam entre as encruzilhadas da vida.

Por isto, devemos está preparados e vigilantes a cada escolha que tomamos, Já que a cada vez que ficamos inertes diante do desconhecido, ali, naquele momento, perdemos uma oportunidade que podemos nunca mais encontrar. Não perca as oportunidades de viver, de errar – sujeitamo-nos ao erro por sermos humanos -, mas com o erro e, apesar do erro, devemos aprender a não martirizarmo-nos perdendo tempo. O Tempo é precioso, e devemos usá-lo para apreciar os bons momentos. Olhar a meninice de uma criança para lembrarmos que já nos deleitamos com a tenra idade, e como era lindo. Olhar cada coisa do mundo como uma novidade a ser explorada; todo um horizonte de novidades esperando a atenção de nossas íris, já tão distraídas pelo caos do cotidiano.

Qual a última vez que parastes defronte uma rosa para sentir seu aroma? A risada agradável de uma criança? Quando parastes para ouvir seu coração e segui-lo?

É preciso sentir o cheiro das rosas para lembrarmos que, nem tudo são flores, mas que elas estão lá - sim, em algum jardim... esperando-nos para encher nossos pulmões com o ardor da esperança. Basta, apenas, segui o caminho que lhe pareça mais perfumado. Mas se acaso perde-se no meio do caminho, não desista da busca. Os ventos do destino tendem a tornar nossas jornadas mais desafiadoras, muitas vezes desviando-nos do caminho mais acertado. Encare, simplesmente, como uma pedra a se superar no caminho de sua existência. E continue vivendo da melhor maneira possível. Não esquecendo do cheiro das rosas.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Ai de ti!


(RiCarvalho)

É inegável a dor de sentir-se só, apenas na companhia do amar - que ficou.
Saber que o fruto de sua dor se foi, que seu universo findou, e tudo continuou.
(mesmo tendo a certeza que o mundo acabaria – o sol voltou)

Vê uma multidão juntar-se ao seu redor, algumas consoladoras, outras curiosas
Ao que parece a infelicidade atrai mais atenção do que o amor...
Neste mundo, que parece sem sentido, sem jeito ou maneiras
Com seus espectadores atentos. Semi-Comovidos com seus flashes.

Ai de ti que vive só com suas mazelas, em um mundo curioso;
Que lhes assistem atentos; capítulo por capítulo de sua desgraça.
Sob holofotes resilientes, que miram as infelicidades mais tristes
Com caridades intermitentes, entre os intervalos de maldades naturais
(Enquanto esperam os comerciais)

Ai de ti que sofre por tudo e todos – principalmente pelas perdas.
Ai de ti que já nasce marcado, como gado pronto para o abate.
Ai de ti que é carne, que é osso – com suas feridas à mostra.
Ai de ti que amou e ainda ama – e chora.

Porque é inegável a dor da solidão
É inegável a dor de ser noticiado pelo sofrimento que deveras sente.
(Ai de ti que sangra)

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Poemetos



acredito
logo
existo?


Vida

Nascendo
(escolhendo)
morrendo
...é assim


Computador

ligo
Teclo
envio
recebo
desligo


Nexo

Penso...
e logo
entro
em desespero.

Utopia.

(Ricarvalho)

quisera (eu) poder fazer...

fazer viver:
sentimentos; amores...
fazer morrer:
miséria, solidão e dor...
fazer acontecer:
De um tudo
que tanto o mundo necessita.

(sonhos)

O que fazer então?
Quiçá o que estiver ao meu alcance
- E nada além?
Sim, tudo posso naquele que me fortalece
(dizem, e tento crê)

faremos o seguinte então:
viveremos como que fossemos irmãos,
amaremos como se o mundo acabasse amanhã,
passaremos uns pelos outros e diremos:
BOM DIA, BOA TARDE e BOA NOITE,
abrigaremos desabrigados,
apartaremos intrigas,
uniremos pele,
e faremos amor.

Um dia irei viver,
minha utopia.
...

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Tatear-lhe-hei!

(RicardoCarvalho)

Sonhei ser o vento, este deus de toque suave...
soprado pela boca Dela...
entre seu leve movimento de lábios e dilatar de língua
sonhei ser respirado e inspirado por Ela
E por Ela tomei-me num vendaval;
num redemoinho de paixão.

- Só Dela! Por Ela...

Para Ela – ingrata!
(Que partes meu coração)
(Que desconheces de meu amor)

E se vai... como o ar de meus pulmões.
Livre em seu ventar.
Restando, para mim, apenas a distancia,
E o querer tocar;
E os sonhos a se sonhar.
E o Tatear de meu olhar.
...

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Escolhidos

(RiCArvalho)

É raro acertar,
só o tempo dirá:
se ele é isto;
se foi tudo aquilo;
se é mesmo um amigo,
ou outro no mundo
que irá se apagar.

(e como se dá?)

Irmãos escolhidos,
de farra ou de casa.
Com um ombro, um abraço
querendo lhe dá.

É difícil acertar,
só a vida dirá,
se só: um conhecido;
se será um amigo,
taciturno ou gaiato;
mas que sempre está lá.

Quiçá vou encontrar:
com os ouvidos atentos;
as lembranças felizes,
e outras nem tanto;
mas que saberá quando
com o dialogo do olhar.
...

Soneto à Boemia.

(Ricarvalho)

Ô boemia, que enaltece meus cultos ao chope noturno
enche-nos de rimas, musicas, biritas e fumos
sejemos puro etílico mítico, e mudemos os rumos do mundo
seguistes os rastros, às vezes, destes revolucionários ocultos

De boteco a botequim; comes e bebes, risos ou choros
política e religião, amores ou amantes; nada lhe és distante
sacros, quase puros, brincantes da vida, em boemia constante
Impuros que os vêem no escuro, e vivem de julgos

vislumbram um grupo em mesa, sussurros:
- vagabundos, intelectuais e poetas: Boêmios.
Não os julgues, seres-lhes o futuro, eu juro!

são como combustível potente de motores solenes; mentes
elevam as vidas de quem nelas não vive; só assiste
escrevem o ato da história e das artes, imortais só neles
...

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Monotonia

(RiCarvalho)

Tempos de continuo cotidiano me torturam a paciência
Como podes querer me aprisionar – tens ciência?
Sabes o porquê de minha agonia?
Sabes como é viver sem fantasia?

Imagino-me, pequeno mamífero de poucas defesas.
Ver-me com essa grande tristeza te alegras?
- Monotonia insana, perpetuo fazer nada
(mesmo quando fazendo alguma coisa)

Sinto esse vazio imenso que chamo de tédio
Tento concentrar minhas emoções – e ódio
Tento divertir-me com frivolidades em rede

Penso ser um ignóbil errante – mundo afora.
Imagino se um dia - apesar dos poucos minutos
- essa minha antipatia por ti, monotonia, morra.

Desculpem qualquer erro, acabo de digitar aqui no blog este poema...
depois edito se for preciso, e se alguém vê algo a ser melhorado dê sua opinião.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Entre mulheres e Flores

(RiCarvalho)

Penso que mulheres deveriam ter nomes de flores, por semelhança.
Margaridas, Dálias, Hortênsias e Rosas...
- tão cheirosas e macias, como pétalas e folhas de seda;
são belas - todas elas - isto é inegável.
E, enraízam-se entre nossos corações.
(se assim deixarmos)

Então a poesia, como um vento. Não esse vento singular, casual;
mas um vento plural; que leva e trás aromas – como paixões...
Fazendo com que tantas belas flores bailem
neste jardim encantado; de sonhos.
E em devaneios, nos encantem ainda mais.
...