E eu digo, e ainda caio...

"Se você por acaso cair, não culpe a pedra ou o degrau. Culpe sua visão e atitude falha diante das lombadas no caminho...."RiCarvalho

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Hospitalização




(Ricarvalho)

Quarto escuro
Mente em treva
Treva em frente
(tiro no escuro)

Escuridão soturna
De esperança clara
Luzes de consciência
Pluma - espera plena
De bendita calma
(Remédio dos incautos)

Calma, ô calma, me cure a alma

Um prisioneiro sem amarras
Tenta a fuga...
Hospitaliza a carcaça
Que, a salva dos urubus
Que reviram carniça.
Aguarda a calma
E o final...

(levantando deste leito, tiro-me o pijama e com os pés descalços sinto o gélido piso preencher o passo, que com firmeza – espero – quiçá guiará-me em meu caminho, ao futuro sólido e demarcado de minha existência.)
...


Desvairado
(Ricarvalho)

Algo terrível acontece

“que droga” - é o que nos vêm
(por escolha individual ou especialista)

Droga farmacológica – de compra simples
Droga dos prazeres proibitivos – de fim simples
Droga de chingamentos alheios – de resposta simples!

Muitas vezes nos é tão fácil julgar
Mas: “não julguei para não seres julgado”
Responde o mestre dos mestres.
Mas nunca lhe ouvem...
(preferem ignorar e fazê-lo errado)

Apesar de que, nesta droga de vida,
somos apenas passageiros...
Tão simples quanto o fim;
Tão banal quanto à morte;
Tão enfadonho quanto à vida.

Não me entenda mal, chego a gostar da vida,
Existem certos prazeres em tal martírio
Muitos amados; várias amantes...

Alguns motivos,
Na verdade são tantos e, para leigos, imperceptíveis.
(há sinais até no cair das folhas)
E há tantos pequenos prazeres nesta droga de vida
Que a droga da morte nos apavora mais do que deveria...
(mesmo quando a desafiamos – a tememos)

E nisso...
Há quem se drogue na intenção de medicar-se
Há quem se drogue na intenção de desligar-se
Há quem se drogue na intenção de denegrir-se.
(Por pensar na inexistência de uma solução)
(Que poderia ser tão simples).

Perdi o fio da meada – já não sei o porquê da droga, nem da vida.
Só sei que lhes tomo, em grandes dosagens.
(e quase vegeto, não fosse os tais prazeres “proibidos”)

Como adoraria possuir a ingenuidade dos tolos
E a felicidade dos ignorantes.
Poder desprezar as mazelas que assolam o mundo
E me felicitar com o pouco do muito do mundo
E talvez viciar-me na droga da existência e no êxtase do mínimo.

Mas do mundo eu quero tudo, e do tudo, quase sempre, me decepciono.
(muitas vezes me entrego ao pranto)
O choro é a fuga do poeta,
Que sangra palavras; e extirpa a necrose que vê pelo mundo
E em si.

Enquanto eu tento, eu vivo; e certamente um dia a morte me leve...
Quiçá, em fatídico dia, histórias minhas serão recontadas.
Lembranças desta existência serão cantadas...

E este vício – a poesia, em tal dia seja meu epitáfio
Lido e relido no tanto que sangro em palavras.
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