(RiCarvalho)
Ô velho senhor do mar, que nunca foste navegar,
e mesmo assim tornou-se supremo marítimo
conselheiro dos pescadores, acolhedor dos náufragos
sábio (sem saber)
sóbrio com sua garrafa de cachaça vazia
centrado com uma ponta findada de cigarro no canto da boca
alerta em seu sono profundo
velho senhor do mar nos traga contos alegres dos tristes dias de antigamente
ô velho senhor do mar, abençoe o parto parido do nascimento de mais uma criança morta
alerte-nos sobre a guerra do golfo
profetize sobre o ontem
nos livre da agonia certa da morte
ô velho senhor do mar, que nunca foste navegar...
e que nem mesmo sabes nadar
solitário dentre a multidão, sentado em seu pedestal de velhos caixotes...
penetrando nas profundezas das ondas com o seu olhar vago
vendo um mundo que nunca existiu
ô velho senhor do mar, cego sobre uma ponte...
pronto para se jogar no mar de concreto,
conseguir seus 15 minutos de fama
conseguindo sua eterna paz...
vendo pela primeira vez o mar
vermelho sob seu corpo.
...
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