E eu digo, e ainda caio...

"Se você por acaso cair, não culpe a pedra ou o degrau. Culpe sua visão e atitude falha diante das lombadas no caminho...."RiCarvalho

terça-feira, 21 de setembro de 2010

O atraso

(RiCarvalho)

Lá vem ela outra vez, atrasada.
De cabelos soltos, molhados.
Sua maquiagem borrada. Assim como meus olhos.
Um beijo no rosto, algumas palavras trocadas.
Passos apressados.
Não vejo nada, não ouço, não sinto.
Na verdade, sentir é tudo que tenho. Tudo que faço.
Nessa espera - segundos são minutos, minutos são horas.

Por que ela me faz sofrer tanto?
Farejo suas roupas enquanto toma um banho.
Cheiro de umidade misturado ao seu perfume.
Pra quê esse banho tão rápido?
Minha cabeça gira. Quero gritar...

Ela sai do banheiro, quero a verdade, tomo coragem...
- Amor, qual o motivo destes 10 minutos de atraso?
Ela dá um sorriso, parece debochar ao responder:
- A chuva!
...

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Loucura alheia ou pré-conceito?

(RiCarvalho)

Certa vez,
Havia um homem maltrapilho no meio do caminho.
(não que isso fosse um problema até ali)

Então nossos olhos se cruzaram e ele disse:
- porque me olhas?
- por nada não...
- Porque me olhas?
... Ele insiste ríspido.
- porque estás no caminho, oras.
... Respondo-lhe indignado, pela insistência.

- Porra! Porque sou feio te atrapalho?
... Brandi o homem em um rompante
(que me assusta)

Corro amedrontado,
Ele corre atrás aos gritos:
- Porque sou pobre sou bandido? Assassino?
- não, não!
... Respondo as pressas.
- Então, maldito, porque foges?
- Fujo da tua loucura antes que me pegue,
... Pois se esta me pega, a gente se pega,
... E se a gente se pega eu te mato, e se te mato vou-me em cana.

- Socorro! Ele quer me matar porque sou negro...
...

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Odeio Lombadas

(RiCarvalho)

Procuro caminhos retos – precisos
Evito buracos, evito os desvios...
Essas são escolhas minhas, e as sigo.
(mas outros me importunam)

Sempre há um engraçadinho (estúpido)
E estes, tatus da sociedade, chafurdando nos buracos
Alheios à própria vida...
Criando impedimentos a vida alheia, apontando defeitos
(falando de religião, política, sexo e etc.)

Odeio os que negam o livre arbítrio e se dizem livres.
A liberdade é um estado de poucos interesses:
Viver e conviver bem;
Assim, morrendo em tragédia ou em tranqüilidade.

Odeio os intrometidos; os criadores de caso.
Metidos no que não lhes convém,
Colocando pedágios;
Criando lombadas,
Desvios e tudo o mais que não lhes cabem.

Odeio os quebra-molas que esfolam meu carro.
Odeio toda a dificuldade quaisquer e absurda.
(pois até algumas mazelas podem ser escolhidas)

Mas independentemente do que se escolhe ou não:
Odeio lombadas em meu caminho
- Mas quando as encontro, não paro.
...

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Antes do Fim


(RiCarvalho)

Temo o escuro e o desconhecido final,
Somos-lhes reféns, poeira nas mãos de uma terrorista silenciosa.
(morte)

Oh! Misteriosa e traiçoeira – que tudo toma e tudo tem.
Levaste meu coração em um rompante – perdi um bem querer
Oh tu, que espreita meu mundo, o qu’era meu, o que penso meu
(me queres tudo)
(levar-me-á tudo)

Sentindo a dor desatinada que se tem certa em ti.
Certeira como a única verdade desta vida.
(única que não mente)

Mas ainda resta algo - ou tudo - a vida.
E desta, presente de uma história que se faz - agora.
E que, apesar da inevitabilidade, oferece-nos escolhas:
Diferente do resignar-se com o fim;
O viver o presente de aqui está.
Intensa, gloriosa e inexoravelmente
Todos os momentos;
Todos os caminhos;
Vivê-los com amor e paixão...
(Mas vivê-los)

Pois apenas o fim é inevitável
E, até lá, somos o fruto de nossas escolhas e atos.
E destes viveremos...
na eternidade de nossa essência.
apesar dos pesares...
...

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

A Vingança

(RiCarvalho)

Todos já haviam notado,
que esse ser miserável,
me persegue e aborrece
roubando minha comida.

Era o perfeito parasita,
me rondava e rodeava,
procurando o que eu tinha
(sendo noite ou sendo dia)

- Eita bicho agitado,
vai sossegar esse facho,
largue mão de minha vida.
- Ou ainda eu te mato!

Mas esse ser desgraçado,
parecia incansável,
ignorou meu recado.
Então fiquei revoltado;
- Vou acabar com esse safado!
Corri então para o armário,
procurei a minha arma,
E agora equipado,
fiquei ali parado,
parecendo gato-do-mato.
(aguardando a sua vitima)
Era um pensamento engraçado,
o de tirar outra vida.
Mas às vezes é necessário
(dita à lei darwinista),
Abandonei meus pensamentos;
Porque minha caça já vinha.
Fiquei então preparado,
Pensando no resultado:
"é agora miserável",
(não haveria escapatória)
"hoje chegou seu dia",
Acerto-o de raspão,
Que cambaleando aturdido,
Dou-lhe mais um tiro.
(só por garantia)
Então eu vejo que bela queda
o bicho tem, em giro disparado.
"Está morto meu inimigo."
Rio só, de alegria.

Satisfeito com a vitória,
boto em taça uma bebida.
Pois livrei a minha casa
dessa mosca
De padaria.
...