(RiCarvalho)
O que fazei de grandioso, homem?
Tu que se sentas na frente de um PC; percebes que o mundo vai além do pensar?
Incauto em sua poltrona de mármore e sua imensa sabedoria cibernética,
enxerga as chagas que lhe consomem?
Enxerga as mazelas dos homens, ou as tuas próprias?
Oh, pensamentos vãos – deixa-me!
Tu que nada me acrescenta – abandona-me!
Olhando para essas teclas, esses dedos.
Falanges que se estalam, movimentando-se em agonia
Tentando seguir as mentiras dos pensamentos
- E descrevê-los.
Oh, tolo pensamento – passa!
Estes que me torturam – vão-se!
Devo algo a mim mesmo, ou a outro?
Devo satisfação ao mundo – devo?
Não quero mais sabê-lo... Não apenas sabê-lo.
Quero tatear-lhe com meus dedos. Mesmo em minha timidez virginal.
Tocar-lhe como se toca uma jovem de pele macia, quente; próxima ao êxtase do gozo.
Quero a poesia sentida, tátil, vívida; de uma vida feliz ou triste.
Lágrimas se fazem quando sentimos, e é preciso alguma coisa além da inércia.
É preciso amor e, dele, espero sentir mais que um assento sob meu traseiro cansado...
Oh, pensamento – tente!
Me leves ao toque de uma mulher ardente – e lá me deixas.
(Para sempre)
...
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