(RiCarvalho para CarolFlor)
Cantarolo uma onomatopéia impertinente
Que se acha capaz de reproduzir o som de seu tocar.
Da beleza de um sorriso que se eterniza em pensamento,
De uma alegria incontida e insistente.
Ah, lembrança de uma amiga distante e querida.
Não querida por está distante, mas talvez distante por ser querida
(É assim a vida: cheia destes desencontros)
E no desbotar de uma amizade tal qual a mais frondosa flor,
Daquelas que derretem os corações dos mais sensíveis
(e amolecem o daqueles mais endurecidos)
Pois o som silencioso de seu carinho é encantador,
- Não se faz barulhos necessários a tal ardor.
Já que o aroma da amizade sublima a dor.
(Pois me basta o aroma duma amizade,
Inspiração certa de singelo poema,
ao encantamento de tal bela flor.)
...
E eu digo, e ainda caio...
"Se você por acaso cair, não culpe a pedra ou o degrau. Culpe sua visão e atitude falha diante das lombadas no caminho...."RiCarvalho
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segunda-feira, 22 de novembro de 2010
sábado, 20 de novembro de 2010
Com Lágrimas nos Olhos
(RiCarvalho)
Me vi a pouco vertendo uma lágrima, singela e sincera. Lia mais uma reportagem sobre certa pessoa, geralmente humilde, que devolvia o dinheiro alheio com desapego e amor; com consciência. Mas tal cena não deveria me emocionar; não deveria me impressionar; deveria sim, ser algo comum. Ser apenas um entre milhares de casos parecidos. Mas ainda é uma cena rara.
A lágrima que me descia pelas maçãs do rosto também levava consigo um quê de mágoa; de tristes lembranças; de um mundo devastado por mazelas... Mundos individuais e coletivos – de puro egoísmo. Pois trouxe a lembrança dos que vivem do suor alheio, da vida alheia. Daqueles que recebem uma dádiva coletiva; daqueles que recebem votos de confiança – daqueles que quebram tais votos pela opulência de seus desejos cada vez mais egoístas, de uma vida vendida para quem paga mais. Dos que se apossam do alheio sem a necessidade e independente disto. Dos que enchem suas cuecas de dinheiro, pois nos bolsos não há mais espaço. E pensando nisso tudo, sinto uma segunda lágrima escorrendo ao rosto.
Sei que minhas lágrimas não estão solitárias, sei que minha descrença no ser humano já é algo normal. E, ainda assim, me emociono com os que mostram que tal pensamento não é universal, que podemos ainda ter alguma esperança, que podemos ainda ter fé no ser humano – não nos que apenas se vestem como tal em eleições; catedrais e por trás de belas retóricas. Sei que muitos encontram dinheiro nas ruas e pensam “que sorte!”, e se esquecem que tal sorte pra si, foi o azar de outro. Então me vejo entre estes - sem hipocrisia. E uma terceira lágrima desce de meus olhos.
Percebo-me preso no senso comum, que não me era comum anteriormente, e isto me desagrada: “Por que não roubar também se pintar a oportunidade? Achado não é roubado quem perdeu é relaxado; Ah, bati de raspão, vou tirar meu carro antes que o outro venha me encher o saco”. Percebo o erro de ser desonesto por lê que ainda existem pessoas honestas. E uma quarta lágrima verte entre as outras de meu pesar.
Com lágrimas nos olhos me pego pensando: e se isso tudo fosse diferente? E neste pranto, e mesmo neste desejo de uma mudança... Ainda não consigo enxergar um mundo inteiro de pessoas desapegadas; honestas. Mas penso já não me resignar, pois as lágrimas que me descem os olhos elevam meu pensamento a esperança de que eu posso fazer a minha parte – que eu devo fazer a minha parte.
Quiçá a minha parte, também faça verter lágrimas de consciência em um outro. E então, minhas lágrimas não terão descido em vão. E talvez, as deste também não.
Me vi a pouco vertendo uma lágrima, singela e sincera. Lia mais uma reportagem sobre certa pessoa, geralmente humilde, que devolvia o dinheiro alheio com desapego e amor; com consciência. Mas tal cena não deveria me emocionar; não deveria me impressionar; deveria sim, ser algo comum. Ser apenas um entre milhares de casos parecidos. Mas ainda é uma cena rara.
A lágrima que me descia pelas maçãs do rosto também levava consigo um quê de mágoa; de tristes lembranças; de um mundo devastado por mazelas... Mundos individuais e coletivos – de puro egoísmo. Pois trouxe a lembrança dos que vivem do suor alheio, da vida alheia. Daqueles que recebem uma dádiva coletiva; daqueles que recebem votos de confiança – daqueles que quebram tais votos pela opulência de seus desejos cada vez mais egoístas, de uma vida vendida para quem paga mais. Dos que se apossam do alheio sem a necessidade e independente disto. Dos que enchem suas cuecas de dinheiro, pois nos bolsos não há mais espaço. E pensando nisso tudo, sinto uma segunda lágrima escorrendo ao rosto.
Sei que minhas lágrimas não estão solitárias, sei que minha descrença no ser humano já é algo normal. E, ainda assim, me emociono com os que mostram que tal pensamento não é universal, que podemos ainda ter alguma esperança, que podemos ainda ter fé no ser humano – não nos que apenas se vestem como tal em eleições; catedrais e por trás de belas retóricas. Sei que muitos encontram dinheiro nas ruas e pensam “que sorte!”, e se esquecem que tal sorte pra si, foi o azar de outro. Então me vejo entre estes - sem hipocrisia. E uma terceira lágrima desce de meus olhos.
Percebo-me preso no senso comum, que não me era comum anteriormente, e isto me desagrada: “Por que não roubar também se pintar a oportunidade? Achado não é roubado quem perdeu é relaxado; Ah, bati de raspão, vou tirar meu carro antes que o outro venha me encher o saco”. Percebo o erro de ser desonesto por lê que ainda existem pessoas honestas. E uma quarta lágrima verte entre as outras de meu pesar.
Com lágrimas nos olhos me pego pensando: e se isso tudo fosse diferente? E neste pranto, e mesmo neste desejo de uma mudança... Ainda não consigo enxergar um mundo inteiro de pessoas desapegadas; honestas. Mas penso já não me resignar, pois as lágrimas que me descem os olhos elevam meu pensamento a esperança de que eu posso fazer a minha parte – que eu devo fazer a minha parte.
Quiçá a minha parte, também faça verter lágrimas de consciência em um outro. E então, minhas lágrimas não terão descido em vão. E talvez, as deste também não.
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
Ainda vivo
(RiCarvalho)
Apenas quero a paz
Aquela eternizada nos jazigos
A que acalenta as almas tortuosas
- Ah, e isto é errado?
Por anos a espero;
Por anos vivo uma impaciência inerte;
Por anos os corvos me espreitam.
(Pois nem eles crêem que durei tanto)
Vi tantas coisas nesta existência
Vivi tantas outras, tantas...
Venci e fui derrotado por um eu intranqüilo.
(um eu já cansado)
Não pense que estou me entregando,
Não sem luta, nego resignar-me;
Não sou um fraco qualquer.
(não me julgues)
Apenas quero a paz dos jazidos.
(ainda vivo)
...
Apenas quero a paz
Aquela eternizada nos jazigos
A que acalenta as almas tortuosas
- Ah, e isto é errado?
Por anos a espero;
Por anos vivo uma impaciência inerte;
Por anos os corvos me espreitam.
(Pois nem eles crêem que durei tanto)
Vi tantas coisas nesta existência
Vivi tantas outras, tantas...
Venci e fui derrotado por um eu intranqüilo.
(um eu já cansado)
Não pense que estou me entregando,
Não sem luta, nego resignar-me;
Não sou um fraco qualquer.
(não me julgues)
Apenas quero a paz dos jazidos.
(ainda vivo)
...
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